Dexametasona pode ser o primeiro passo efetivo na luta contra coronavírus

Vacina de Oxford para covid-19 é produzida em massa em 4 países
08/06/2020
 
Estudo mostrou redução de mortalidade de pacientes com o novo coronavírus em estado mais grave

A ciência conquista o seu primeiro passo na luta para salvar pacientes com Covid-19 em estado grave. Segundo cientistas da Universidade de Oxford, em Londres, no Reino Unido, estudo mostra que a dexametasona – um corticosteroide barato – reduz de forma significativa a mortalidade de pacientes hospitalizados com Covid-19. 

“Os resultados são impressionantes mesmo”, diz o médico clínico e intensivista Vandack Alencar Nobre Jr., professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). 

O primeiro medicamento que reduz mortalidade


“A dexametasona é o primeiro medicamento que melhora a sobrevivência em caso de Covid-19”, diz Peter Horby, professor de doenças infecciosas em Oxford e um dos principais autores do estudo britânico Recovery, em comunicado divulgado à imprensa. “O benefício é claro e amplo em pacientes que estão doentes o bastante para necessitar de tratamento com oxigênio”, afirma Horby.

Os 6.000 pacientes foram divididos em dois grupos: um, com 4.000 pessoas, recebeu o tratamento tradicional; outro, com 2.000 pessoas, recebeu também a dexametasona. O medicamento reduziu em mais de um terço as mortes de pacientes que recebiam ventilação pulmonar mecânica. Nos infectados que precisavam de oxigênio suplementar, sem intubação, a redução foi de 20%.

No grupo de pacientes em estado mais grave, a mortalidade caiu de 40% para 28% dos casos, explica Nobre Jr. No grupo com oxigênio suplementar, essa taxa caiu de 25% para 20%. “Se for confirmado, é algo inédito”, comemora.

Segundo Nobre Jr., os cientistas britânicos calcularam que, para salvar uma vida, é preciso usar dexametasona em oito pacientes graves ou em 25 pacientes com oxigênio suplementar. 


Estudo será publicado em breve


Não foram divulgados detalhes do estudo, que ainda não foi publicado em revista científica. “Mas isso ocorrerá em breve”, prevê Nobre Jr. Apesar de ser divulgado na mídia tradicional antes da validação em publicação científica, o professor diz que o estudo parece ser rigoroso sob o ponto de vista metodológico. Ele aposta, ainda, que logo a medicação será adotada como tratamento padrão de pacientes graves com Covid-19.

O professor da UFMG alerta, no entanto, que a dexametasona não tem benefício demonstrado em pessoa com formas leves de infecção pelo novo coronavírus. Segundo Nobre Jr., a dexametasona deve ser usada com indicação médica, porque tem efeitos colaterais importantes, como a redução da defesa do organismo, aumentando os riscos de uma infecção bacteriana.


 

Brasil também testa o medicamento


A Coalizão Brasil Covid está recrutando voluntários no país para testar a droga em um estudo randomizado e com grupo de controle também com pacientes com quadro severo da infecção. De acordo com o médico intensivista Luciano Azevedo, do Hospital Sírio Libanês, que é o principal investigador do estudo, o plano é chegar a 350 pacientes. 



Fonte: site O Tempo


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