Vacina BCG pode atenuar a gravidade da Covid-19

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02/04/2020
Cientistas europeus e australianos testam a vacina da tuberculose em 5 mil voluntários com a expectativa de que ela atenue a gravidade da Covid-19. Equipe norte-americana identifica um anticorpo que poderá ser explorado em uma imunização específica



Ao mesmo tempo em que buscam tratamentos eficazes contra a Covid-19, pesquisadores tentam desenvolver vacinas que protejam contra o Sars-Cov-2. Nesta semana, cientistas europeus e australianos anunciaram que testarão a vacina BCG, contra tuberculose, em princípio nos profissionais de saúde que trabalham diretamente com infectados. Ontem, uma equipe norte-americana publicou, na revista Science, um importante passo para a criação de uma imunização específica. Eles revelaram, em escala atômica, a estrutura do micro-organismo em contato com um anticorpo que pode combatê-lo.



Como são baixas as expectativas de que uma vacina contra o Sars-Cov-2 saia ainda neste ano, grupos de pesquisa idealizaram testes para utilizar uma substância já existente para proteger profissionais de saúde. “Sabemos há décadas que a BCG tem efeitos benéficos inespecíficos, ou seja, protege contra outras doenças além daquela para a qual foi criada, a tuberculose”, explicou à agência France-Presse (AFP) Camille Locht, diretora de pesquisa do Inserm no Instituto Pasteur de Lille, na França.

As crianças vacinadas com BCG sofrem menos de outras doenças respiratórias, e a fórmula é usada no tratamento de certos tipos de câncer de bexiga, além de proteger contra asma e doenças autoimunes, como o diabetes tipo 1. A hipótese é de que a vacina contra a tuberculose possa ter um efeito semelhante contra o novo coronavírus, reduzindo o risco de infecção ou limitando a gravidade dos sintomas.


Os pesquisadores continuam cautelosos, porém, antes de afirmar que a BCG tem um efeito protetor contra o Sars-Cov-2. “Essa é, precisamente, a razão dessa pesquisa”, afirma Mihai Netea, professor de medicina experimental no Centro Médico da Universidade Radboud, que anunciou o lançamento de um ensaio clínico com a Universidade de Utrecht envolvendo 1 mil profissionais da saúde (500 receberão a vacina, e 500, um placebo). “Se houver menos pessoas no grupo vacinado com BCG que tiverem que parar de trabalhar por causa da doença, será um resultado encorajador”, acrescentou o renomado especialista em “imunidade treinada”.


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